top of page
Lucca & GM
Arte 05

JULHO

2020

“Tem dias que são pretos. Não por serem vazios, mas por serem densos demais para caber qualquer cor. São os dias em que tudo pesa, tudo cala e tudo escurece por dentro. É excesso de pensamento, de sentimento e de passado.

Mas há também os dias brancos. Dias de recomeço, de folha em branco e de
luz suave entrando pela janela. São raros, mas quando vêm, parece que o mundo respira devagar e eu consigo existir sem me apertar por dentro. O branco, em mim, é espaço. Espaço pra ser, pra tentar ou pra não precisar explicar tudo.
É como o suspiro depois do choro.

E entre o preto e o branco, vivo em contraste. Uma vida feita de extremos, como se a escala de cinza fosse uma estrada que me atravessa. Às vezes estou demais. Às vezes sou de menos. O preto me lembra da minha densidade. O branco, das minhas chances. Talvez eu nunca tenha vivido ou viva uma vida totalmente colorida, talvez minha paleta seja feita só de contrastes.”

“Às vezes olho as pessoas na rua, especialmente aquelas que
passam apressadas e que entram nos ônibus sem olhar pra trás. E penso no quão legal e estranho é elas também terem uma vida além da que eu vejo. Também têm histórias. Amores mal resolvidos. Medos. Alguém pra quem ligar quando o mundo pesa demais. Também choram em silêncio.
Também se questionam, se culpam, se desmancham por dentro.

A gente tem essa mania chata de achar que a nossa dor é a mais profunda. Que nosso caos é o mais intenso. Mas o mundo está cheio de coisas que a gente não enxerga. Cheio de histórias e mais histórias.

No fundo do peito, a gente só quer ser enxergado de verdade. E talvez todo mundo esteja assim: tentando existir, tentando caber, tentando ser entendido… sem saber que, ao redor, milhares de outras almas também estão tentando. Cada um com suas faltas, suas perdas e
seus pedaços mal colados.”

Arte 04
Arte 06

AGOSTO

2020

Contato
Arte 07

JUNHO

2022

“Tem dias que o que eu mais queria era silêncio.
Um silêncio mais fundo que o barulho das ruas, que me envolvesse por inteiro, como quem se recolhe dentro de si pra não desabar diante de todos. Porque às vezes explicar me cansa. E eu só queria não ter que me defender o tempo todo de ser quem sou.

Às vezes penso em ficar quieto pra sempre, por esgotamento mesmo. Carrego sentimentos que escorrem pelas laterais como quem tenta beber um copo d’água e se molha pelos lados, não porque sou desajeitado, mas porque transbordo. Eu sou esse copo. Vivo escorrendo. Vivo demais, sinto demais, sofro antes e me apego até ao que não me pertence mais."

Arte 02
Arte 01
Arte 03

DEZEMBRO

2022

"Me disseram que tudo em mim é muito. Muito amor, muito medo, muita dúvida e muita entrega. E cansado de ser mal lido, mal interpretado, comecei a querer não ser lido de forma alguma.

Vivo nesse contraste constante. Sou feito de extremos, e talvez nunca conheça o conforto de uma vida colorida.”

JANEIRO

2023

“Uma alegria me deixa eufórico como criança no quintal depois da chuva. Uma tristeza me paralisa como se o mundo inteiro tivesse parado também. Até um gesto simples, tipo um olhar demorado, uma palavra mal colocada ou uma lembrança que passa sutil. Isso me atravessa como se tivesse um peso enorme."


"Me afogo num som, numa cor ou num silêncio estranho. Me deixo levar por pensamentos e por lembranças que ninguém mais guarda. É como se minha sensibilidade tivesse vazamentos, furinhos.
E por mais que eu tente conter, vaza pelos olhos, pela
pele e pelo meu jeito de existir.

Me disseram que eu sou exagerado. Que sinto demais, que levo tudo a sério, que deveria filtrar mais, mais ou me proteger mais. Mas não sei viver apenas no rascunho.”

bottom of page